Terça-feira, 30 de Março de 2004

A minha namorada - o bilhete

Afinal minha querida, estar longe de ti estes dias apenas foram bons ao princípio, agora sinto a tua falta. Sinto que se calhar devia ter pensado melhor e que não devíamos ter cancelado o nosso casamento. Por isso foi com imensa alegria que li o teu recado que me deixaste e que os vizinhos fizeram questão de afixar na porta de entrada ao lado da conta do condomínio que tenho de pagar, nesse bilhete cheio de ternura dizia o seguinte:


Querido ex-namorado.


Tenho de te dizer que foste a maior merda de namorado que uma mulher podia ter.


Espero que tenhas todo o azar do mundo e que acordes em cuecas no meio da Av. da Liberdade.


Não te guardo rancores, mas se um dia acordares transformado em mosquito esborracho-te contra a parede.


 Para que saibas tenho saído com o Quim que me tem apoiado neste momento difícil, que apesar de já se custar a endireitar, continua a carregar o peso da minha vergonha de ser uma mulher enjeitada às portas do seu próprio casamento.


O meu pai anda muito triste e pede que lhe devolvas a colecção de dentes postiços.


A minha mãe voltou a beber e teve de voltar outra vez à terapia, depois mando a conta.


A tua ex-namorada


P.S. Vai morrer longe


 


Claro que decerto não penso que tenhas dito isso de coração, e além disso não posso devolver os dentes postiços ao teu pai, já os vendi na loja dos chineses e eles agora não mos querem devolver nem por nada. Já os tentei trocar por um pente usado mas eles não foram na conversa. Vão abrir a 5ª loja na mesma rua e propuseram vender-me também. Ainda pensei no assunto, mas não me ofereceram mais de 2 euros por isso tive de recusar. Ainda mantenho a minha dignidade.


 Acho uma excelente ideia andares a passear com esse idiota e parvamente infantil do Quim. É bom ter amigos. Sabes, agora ando numa fase de descoberta de mim mesmo (comprei nos chineses o livro cujo o titulo é ”Descobre-te a ti próprio – Serei gay?”), não sei se me vai ajudar muito, mas tem um descartável com lições de ponto-cruz que me parece interessante, por isso e por agora não estou muito voltado para ter uma relação outra vez, vou ficar em casa e ver as reposições do Dallas e do Barco do Amor e comer rodelas de ananás enlatado.


Até breve

</blockquote>
publicado por gifted_children às 23:25
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Sexta-feira, 26 de Março de 2004

A minha namorada - dia difícil

Sinto-me vazio, sim é verdade que fiz uma limpeza ao cólon, mas não é por isso, sinto a tua falta, e tenho feito longas caminhadas sem rumo (não te preocupes, a polícia trouxe-me a casa) sempre a pensar se tinha feito a melhor opção. Não consegui arranjar respostas para este meu dilema por isso decidi ir falar com o Professor Bambo para ver se ele me podia ajudar.


- Professor Bambo…


- Não digas nada… sou médium, vens falar comigo por teres problemas de dinheiro?!


-… Não


- Hum… já sei, estás com problemas no trabalho, certo?!


- Aaaaa, também não. Tenho problemas com a minha namorada.


- Bolas, era isso que eu ia dizer a seguir.


- Pois.


- Já sei…. O célebre problema de impotência… eu tenho aqui um frasquinho que por 100 euros resolve qualquer problema, só tens de beber duas vezes por dia, e podes misturar com o óleo do carro que vais ver que vai andar que parece um foguete…


- Não, não é nada disso.


- Ah, já sei. Enganaste-a e queres que eu faça uma macumba para ela não descobrir, trouxeste uma peça de roupa interior?!.


- Minha??!, quer dizer…não… sabe, íamos casar e…


- Espera, espera, já estou a ver, sinto uma visão a se aproximar, a se aproximar, cada vez mais perto.


- Sim, também estou a ver, é a sua assistente e que por sinal é bem gira.


- Ah pois é. Desculpa.


- Como eu ia dizendo, íamos casar…


- Não digas mais nada, agora estou a absorver a tua energia e a sentir tudo.


- A sério, a verdade é que de facto me sinto mais fraco.


- Estás a ver, estás a ver, tenho muitos poderes, eu alimento-me das tuas vibrações que estão a passar para mim.


- E será que podia alimentar-me com essas suas vibrações?! … é que já não como vai para lá de dois dias e de facto começo a sentir um ratinho no estômago.


- Oh homem não seja parvo, não está a ver que estou a falar de espiritualidades.


- Sim, eu sei, mas com aquilo que paguei de consulta, bem que podiam oferecer um lanchinho.


- Não me fales de frugalidades, temos o teu problema para resolver.Vá desembucha. Eh eh. Esta do bucha era uma piada a mim próprio, a maioria das pessoas não conhece este meu lado mais irreverente e divertido.


- Sim… estou a ver. Então como eu estava a dizer, fui ter com ela e disse-lhe…


- Disseste-lhe que não podias ter filhos.


- Não


- Que tinhas conhecido outra.


- Não, apenas que não queria casar mais com ela.


- Olha lá, quem é o médium aqui?


- Desculpe.


- E como queres que te ajude?. Bom… tenho o telefone de umas meninas que por 25 euros levam-te ao céu.


- Eu não queria ir tão longe. Eu queria mesmo era um conselho seu, pois não sei se fiz a melhor opção ao não querer casar com ela.


- Deixa-me lançar estas pedras para eu poder ter uma perspectiva do teu problema.


- Mas isso são dominós.


- Pois é, desculpa, é que assim podíamos juntar o útil ao agradável e enquanto eu via o teu futuro fazíamos uma partidinha. Acho que tenho para aqui uns Legos. Ora aqui estão.


- E?


- Espera, tenho pena de desmanchar este barquinho que me deu tanto trabalho. Podem ser cartas?


- Claro.


- Dois pares….ganhei, ganhei.


- Credo

</blockquote>
publicado por gifted_children às 22:47
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Quarta-feira, 24 de Março de 2004

A minha namorada - o fim

Hoje foi dos dias mais tristes da minha vida. Deixaste-me. Acabou-se o namoro, o casamento e as sandes de mortadela.


E tudo isto apenas porque te expliquei que achava que ainda era cedo para casar e que devíamos adiar até o Cometa Halley passar outra vez pela terra. Acho que ainda não estou preparado para assumir compromissos desta natureza. Começaste a chorar que nem uma doida e obrigaste-me a digerir os 600 convites impressos, o que me causou azia e mau estar.


Mas no fundo acho que foi melhor assim, já andava tão deprimido que não trocava de meias há já duas semanas, mas quando comecei a sentir simpatia pelo George Bush é que vi que estava nas últimas e que alguma coisa tinha de fazer.


Tenho a certeza que esta decisão custou-me mais a mim do que a ti (quer dizer, deve ter custado mais ao teu pai que já tinha gasto uma fortuna em arenques e bolitas de queijo para a boda).


Espero que me perdoes e que não me guardes rancores, pois tenho a certeza que daqui por muitos anos vais achar que esta foi a melhor decisão. E digo isto com a alma embargada pela dor e os olhos lavados em lágrimas. Sinto uma pressão no peito de tanta dor, ou então tenho angina de peito, pelo sim pelo não amanhã vou ao cardiologista.


Tenho pena que tenhas de devolver as prendas, principalmente aquele cisne de louça ao qual já estavas tão afeiçoada e que dizias que era o símbolo da nossa felicidade, nunca te cheguei a explicar que aquilo era o Pato Donald e que a prenda não era para ti mas para a tua sobrinha, mas agarraste-te a ele com uma ânsia que ninguém teve coragem do te tirar, apesar de deixares a pobre criança inconsolável.


Tenho a certeza que quando saíres do frigorifico vais ver as coisas de outra maneira, ou vais ver pelo menos mais coisas, e quem sabe me desculpes e voltes a namorar comigo, pois não deixei de amar-te.


Adeus

publicado por gifted_children às 23:04
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Terça-feira, 23 de Março de 2004

A minha namorada - ajuda

Os dias passam cada vez mais depressa, ainda bem que faço pouco, pois se assim não fosse tinha aquela sensação dolorosa da maioria das pessoas que estão sempre a dizer que o tempo passa a correr. Resolvi não me mexer e manter-me imóvel o mais tempo que pude sustendo a respiração até ficar roxo.


Mantendo a ideia da imobilidade fui para o parque onde enterrei os pés na terra, e durante bastante tempo passei por um Olmo majestoso, se não fosse a ideia parva dos senhores da câmara me começarem a podar ainda hoje lá estaria.


A tua mãe gentilmente já se ofereceu para nos oferecer a lua-de-mel no apartamento de time-sharing que tem na Quarteira. Só me apeteceu transforma-la em peru e recheá-la, mas contive os meus impulsos e beijei-a na face agradecidamente. Ok, eu sei, não era a tua mãe que beijei, mas o forno a lenha, mas o que conta mesmo era a intenção, e sabes que fiquei tão entusiasmado com a ideia de umas férias na Quarteira que me apeteceu beijar tudo e todos.


Tenho um amigo que me explicou que eu apenas estava mais apreensivo porque não estava preparado para lidar com as responsabilidades de um casamento e todas as mudanças que isso traz à nossa vida. Ouvi-o com a mesma atenção que costumo prestar ao Jornal Nacional e concluí que realmente preciso de uma mudança, mas tenho sempre a esperança que seja para melhor, como por exemplo mudar para outro planeta, ou mesmo para o Barreiro.


Tenho pensamentos recorrentes contigo a irmos ao fim-de-semana para a Costa da Caparica com uma arca térmica com meia melancia, uvas e umas coxas de frango, que tu graciosamente embrulhavas numa toalha de quadrados vermelha, em que eu como sempre, só comia as pevides e os caroços enquanto tu te alambazavas com todo o resto.


Esta ideia fez surgir em mim pensamentos mórbidos e que se calhar a morte não é assim tão má desde que pelo menos tenhamos trocado de roupa interior.


Ah, antes que me esqueça, detestei o fato que fui provar, decididamente o amarelo não é uma cor que me assente bem, e lá porque o teu pai casou com um chapéu com as orelhas do Mickey eu nunquinha me vou sujeitar a isso… está bem? Importas-te?!


 Beijos grande e fofos

publicado por gifted_children às 00:13
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Sexta-feira, 19 de Março de 2004

A minha namorada - desespero

Tenho aproveitado estes dias para pôr a minha cabeça em ordem, fiz a barba, cortei o cabelo e agora parece-me que já está muito melhor, tenho até pensado comprar um chapéu. Minha querida, a verdade é que já começaste com os preparativos, eu próprio já recebi um convite para o meu próprio casamento, com a ementa e tudo, deves achar que assim não vou faltar.


Acho que temos de ter uma conversa olhos nos olhos para eu te explicar a insensatez desse acto, até já consegui marcar uma videoconferência. Mas andas tão feliz que não tenho coragem para dizer que preferia dar um tiro no pé a casar contigo, mas já vou tarde demais.


Para desabafar fui ter com o meu amigo Sr. António ao hospital onde se encontra em recuperação por causa da queda. De facto ficou em muito mau estado e como a pobre criatura caiu de pé além de ter ficado com apenas um metro e meio de altura tiveram de lhe implantar as pernas, só que se enganaram puseram-nas ao contrário, agora anda aos sss e tem dificuldade em encontrar o interruptor da luz. Mas apesar de tudo mantém a sua boa disposição.


Contou-me que tinha sido casado durante 40 anos e cada dia era pior que o outro. O melhor dia da vida dele foi quando ela fugiu com um anão do circo e só lamenta o facto de ela não lhe ter explicado como se fazia o bacalhau com natas. No fundo ele queria que eu me sentisse melhor e animar-me, mas com este pensamento estive a respirar oxigénio durante meia hora para recuperar das tontura e falta de ar.


Bom, é melhor ir dormir que amanhã tenho de fazer a prova do fato, mas nem penses que vou usar aquele fraque com abas de grilo.


Ah, pois…. Gosto muito de ti

publicado por gifted_children às 00:22
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Terça-feira, 16 de Março de 2004

A minha namorada - a dúvida

Já seriam umas três ou quatro da manhã, não sei, tenho que comprar um relógio, acordei banhado em suor com o pesadelo que tinha aceitado casar contigo. Tive de me pendurar no estendal na roupa pelo cabelo durante quinze minutos para conseguir me secar convenientemente, constipei-me e agora só consigo respirar pelas orelhas.


Não mais consegui pregar olho nesta noite, senti-me realmente e profundamente deprimido e fui acordar os meus vizinhos dizendo que se tinham esquecido da reunião de condomínio. Sentamo-nos todos na sala de reuniões e contei-lhes tudinho aquilo que se tinha passado, escutaram-me com uma paciência infinita, houve altura em que senti uma verdadeira comunhão de amizade e compreensão, não cheguei a perceber a ideia de me pegarem e me meterem dentro do Vidrão… insensíveis.


Sentei-me no meu sofá a comer azeitonas (quando o que eu queria mesmo era Fois Gras e Salmão Fresco), e já nem as televendas me animavam. O pensamento do casamento assaltava-me a cada caroço cuspido e tentei afogar as mágoas em cerveja, infelizmente só tinha duas o que não deu para encher a banheira, o que levou a que quando mergulhei a única coisa que fiquei foi com o nariz a sangrar.


Por mais voltas que dê não consigo arranjar uma boa desculpa para dizer que foi tudo um momento de loucura temporária motivado pelo sol em excesso e aqueles carapaus que comi ao almoço.


Não tinhas nada que começar a telefonar às tuas amigas a contar que íamos casar, senti-me perfeitamente estúpido o ter de confirmar a cada uma delas que era tudo verdade. Deus sabe como me custou.


Ainda pensei fazer uma lobotomia para me esquecer de tudo e ficar um vegetal (de preferência um repolho), mas lembrei-me que ainda não vi o Eurofestival da Canção deste ano.


Dúvidas e mais dúvidas, ai que tristeza sem fim, já me estou a ver a ir a uma fábrica de confecções em Guimarães para comprar tecido para o vestido de noiva e dar trabalho aquelas pessoas por mais seis meses.


Preciso de ajuda.


Ah… Amo-te

publicado por gifted_children às 23:27
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Segunda-feira, 15 de Março de 2004

A minha namorada - Domingo

Amor, este Domingo foi maravilhoso, o sol iluminava todos os espaços e sítios, menos obviamente os lugares por onde passavas. É mesmo diferente quando os dias estão assim tão bonitos. Acabam-se as tristezas trazidas pelo cinzento e apetece passear pelas ruas e parques e entrar em qualquer agência do Millennium BCP.


Foi dos melhores dias que passámos juntos, é nestas alturas que vejo o quanto te amo e como devem ser infelizes aqueles que não têm com quem partilhar tamanha felicidade. Sim, reconheço agora que não consigo viver sem ti, e que a minha vida perde significado quando não estou contigo, apenas ganho mais espaço para me mexer mais à vontade.


De resto que pode ser melhor do que partilharmos o mesmo gelado sentados numa esplanada na Costa da Caparica (só tens de parar com essa mania de ser 5 colheres para ti e meia para mim).


Correr pela areia salpicando-nos mutuamente foi um momento único de felicidade e nem aquelas observações que criancinhas parvas que atrás de nós iam fazendo, “olha, olha, descobri pegadas de dinossauro”, fizeram esmorecer o nosso contentamento.


Como não tenho muito jeito com palavras não consigo transcrever a beleza do teu rosto quando o sol se punha lá longe por cima do oceano, e seria mais fácil se te tivesses desviado para ao menos poder vê-lo.


Há momentos assim, adorei o jeito com que me agarraste as mãos e as enrolaste no teu dedo anelar e me pediste em casamento. Foi tão bonito. Duas almas unidas num único e só objectivo, a felicidade suprema. O facto de estar a um passo da arriba fóssil não tem nada a ver com o ter aceite o teu pedido.


Sinto que algo em mim cresce todos os dias (e não são só os pêlos nas orelhas). Chegou a altura de admitir que de facto não podemos viver as fantasias que depois não podemos concretizar, por isso de todo o coração aceito ficar contigo para o resto dos meus dias…


Pronto… já podes baixar o pau.

publicado por gifted_children às 23:04
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Sexta-feira, 12 de Março de 2004

A minha namorada - a recuperação

A chuva e o mau tempo não param e começo realmente a ficar cada vez mais deprimido. Sinto a falta da alegria contagiante que tinha quando estava internado e agora tudo me parece sem graça. A alegria e a sã convivência fizeram-me lembrar os tempos de faculdade onde todos se pareciam divertir menos eu. Isso era o menos importante, eu queria era ver pessoas, muitas pessoas. Todos juntos de mãos dadas a correr alegremente de sala em sala que nunca encontrávamos, umas por sermos todos demasiado parvos, outras pelo efeito do absinto.


Agora tenho a infelicidade de ainda não poder conduzir, e tu minha querida namorada, és demasiado burguesa. Resolveste que era mais fino conduzir pela esquerda como os ingleses, o que não era mau se de facto todas as outras pessoas tivessem a inteligência necessária para ficarem em casa em vez de estupidamente andarem no lado correcto da estrada. O mais humilhante é ainda ver-te esticar o dedo do meio a todos os que te buzinam e praguejares sem parar com toda a gente. Não me posso esquecer que fizeste com que todas as pessoas que andavam na 2ª circular à hora de ponta fizessem marcha-atrás até à A1 para podermos ir ao Vasco da Gama.


Tenho até de te dizer, para não ficares a saber por outras pessoas que a tua amiga veio-me visitar ontem às duas da manhã, de facto achei as horas um pouco impróprias para uma visita, mas como me trouxe compota de gengibre achei mais normal, já que odeio tudo o que pareça saído das entranhas de alguém mal disposto, foi um sinal óbvio de que não me queria agradar, mas apenas cumprir o pesado fardo que é ter de visitar uma pessoa doente. Claro que acordar sarampantado àquela hora teve consequências nefastas na minha débil saúde e comecei a sentir os músculos das pernas presos e câimbras nas sobrancelhas. Claro que veio com uma teoria das chacras etc, etc. Quando me falou que a 2ª chacra se situava acima dos órgãos genitais, quatro dedos abaixo do umbigo e que órgão do conhecimento / sentidos era a língua e o órgão de acção eram as mãos senti um despertar cósmico que nunca imaginei, juro que senti a energia divina a fluir pelo corpo. Aquela rapariga faz milagres, devia fazer aquilo para ganhar a vida.


E querida, sei que este fim-de-semana querias ir ver aquele filme sobre a vida de Jesus Cristo (sim, aquele que tem um senhor que sofreu bastante, mas pelo menos tinha uma mulher jeitosa, apesar de nunca ter visto nenhum filme em que ele realmente andasse enrolado com a Maria, o que me dá a impressão que se calhar a senhora não era grande coisa), mas a verdade é que esta coisa das chacras fez-me um bem extraordinário e acho que preciso de pelo menos dois tratamentos diários. Por isso vai tu sozinha que eu deixo o dinheiro na caixa do correio. Está bem amorzinho?. Beijocas e amo-te mais do que nunca.

publicado por gifted_children às 16:15
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Terça-feira, 9 de Março de 2004

A minha namorada - regresso a casa

A minha saída do hospital foi bastante triste para os meus companheiros de quarto, o Sr. António chegou mesmo a propor-me para o caso de eu querer continuar, voltar a pôr-me em coma, e repetidas vezes tentou lançar-me do 7º piso de cabeça para baixo, mas que eu educadamente lhe fiz ver que não era uma boa solução. Ainda me tentou enganar e mandou-se ele próprio dizendo “vê se me consegues apanhar”.


É bom voltar a casa, já tinha um pouco de saudades do meu espaço, apesar de só tê-lo quando não estás. Tinhas sido uma querida e arrumaste-me a casa toda, agora só preciso descobrir onde puseste a cama e o frigorifico.


Quando se está entre a vida e a morte costuma-se pensar naquilo que gostávamos de ter feito (eu não, mas há muita gente que pensa), de qualquer maneira lembrei-me de coisas importantes e que tinha pena de ainda não ter feito, fiz uma lista para não me esquecer:


- Saltar de cuecas em cima de uma fogueira no São João


- Beijar uma mulher bonita


- Tomar banho em caldo de carne com cebolinhos


- Participar numa novela da TVI


- Vestir-me de escoteiro e saltar à corda com fio dental


- Visitar Sto. António dos Cavaleiros


- Enganar-me a mim


- Enganar a minha namorada


- Ser enganado pela minha namorada


- A minha namorada enganar-se na minha casa

publicado por gifted_children às 22:59
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Quinta-feira, 4 de Março de 2004

A minha namorada - a estada

É difícil dormir aqui, os pesadelos atormentam-me e começo a ficar cansado das lamúrias dos meus companheiros de quarto. O poster gigante que colocaste em frente à minha cama para eu me lembrar de ti tem servido de alvo para o arremesso da gelatina que dão para a sobremesa.


O Sr. António, meu companheiro de quarto é uma pessoa fantástica, tem-me ajudado imenso nesta fase difícil, apesar de não ser dotado de grande inteligência consegue recitar os Lusíadas com um enorme fervor, por vezes disfarça-se de pudim e belisca todas as enfermeiras, e apesar de lhe terem dado alta há uma semana consegue sempre arranjar forma de voltar, da última vez tentou enganar os médicos fingindo-se de lençol, e só foi descoberto quando o tentaram engomar.


O Sr. Zé é um caso peculiar, ninguém ainda percebeu porque passa o dia sentado no lavatório, e quando lhe dizem para sair, diz sempre ”Não me tirem o único prazer que tenho na vida”, claro que o sentido das suas palavras ultrapassa mesmo o mais sábio dos médicos, nem porque quando dizem ”Está na hora de servir o almoço”, ele levanta-se e agarra nos pãezinhos e vai atirando à cabeça das pessoas e resmungando sem parar “Já vou, já vou”. Alguém confessou de que ele trabalhou no Algarve durante muitos anos num restaurante onde só iam portugueses, e que agora é difícil perder os hábitos de anos.


De facto tenho uma simpatia especial pela enfermeira Gabriela, é uma criatura de uma candura e de uma simpatia extrema, o facto dos dentes não lhe caberem todos na boca dá-lhe uma certa graça, apesar de a já ter visto várias vezes a roubar a placa do Sr. Zé para triturar umas bolachinhas e a pôr de volta no copo sem ninguém reparar.


Portanto minha querida, devo estar quase, quase em casa. Não te esqueças de quando me for embora quero ir bonito, por isso rebola em cima da minha camisa favorita que deixei na máquina de lavar.


Até breve.

publicado por gifted_children às 22:57
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