Sentei-me tentando limpar as calças às bases de copos. Pedi mais uma rodada, e mais outra, e à medida que ia bebendo parecias-me cada vez mais bonita. À quinta cerveja já me parecias a Gisele Budchen num dia muito mau.
- Então que fazes aqui sozinha?. Uma miúda gira como tu não devia estar acompanhada.
- Eu gosto de estar sozinha, mas por vezes aparecem uns chatos
Não me toquei, esta era definitivamente uma pretensiosa intelectual de esquerda, uma daquelas cientistas sociais que gosta de assumir-se como pensadora do socialismo democrático. Ainda assim não quis ir por aí, seria demasiado começar uma relação baseada em politiquices, mas a mulher tinha os tiques todos. Aquele ar enfadonho de quem sente a responsabilidade do mundo às costas, via conspirações em todo o lado e de vez em quando dava-lha para gritar frases de ordem contra a guerra no Iraque e o preço da sopa de tomate em lata, o que me irritou um bocadinho. Até porque de vez em quando dava-lhe para subir à mesa e cantar Grândola Vila Morena com especial fervor.
- Mas diz-me, tens alguém especial na tua vida um gato persa ou um namorado por exemplo?
- Não, não tenho, não preciso, nem quero ninguém.
É um facto provado que se uma gaja não tem namorado algo de errado se passa com ela. Alguma coisa terá. Não há teoria que resista àquela treta de que agora preciso de um tempo só para mim. É suspeito. Mas de qualquer maneira continuei a indagar.
- Sabes, se quiseres, podemos ir para um barzinho mais calmo que eu conheço onde podemos conversar mais à vontade.
- Conheces?! Onde?. Vamos então.
Esta mania de dizer as frases dos filmes não saiu lá muito bem, a verdade é que não conheço mais porra de bar nenhum. E além disso já não tenho dinheiro para pagar o que bebi, espero que ela não se importe de pagar a conta.
- Aaaa sabes, se calhar é melhor ficarmos por aqui, ainda por cima está a dar uma música que adoro e me marcou muito.
- A Macarena???!!
- Hum pois é esse o nome?. Ainda bem, assim já posso ir comprar o CD, obrigado. Bons tempos esses. (obviamente tentei fazer a coreografia, o que além da ridícula figura parecia que estava a ter espasmos musculares nas zonas lombares).
- És parvo
Mais uma vez ergueu-se sobre a mesa e começou a clamar O povo unido jamais será vencido. Agora gritando em plenos pulmões e de punho cerrado pedindo a toda a gente para a acompanhar o que transformou o bar num comício do PCP.
- Bem, e que tal aproveitar a confusão e fugir sem pagar, podíamos ir para tua casa ou para a minha, aquela que chegarmos primeiro a gatinhar, pois já não me aguento em pé.
- Vamos. Poder para o povo e abaixo estes chupistas capitalistas que nos levam o dinheiro todo. O preço de uma cerveja paga o barril, e alimentava 1000 crianças na China, exploradores do povo e vão todos para a
- Ok, ok, vamos
tens a certeza que não estás sob medicação?! Ufa.
(continua)
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